A suplementação de probióticos é uma terapia emergente para o tratamento de H. pylori visando minimizar os efeitos colaterais.

Neste episódio, produzido pela PEBMED em parceria com a Cellera Farma, Dra. Vera Angelo aborda sobre como a suplementação de probióticos é uma terapia emergente para o tratamento de H. pylori visando minimizar os efeitos colaterais no tratamento da bactéria.

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Muitos pacientes procuram o médico ansiosos, dizendo: “Dr eu tenho uma bactéria no estômago o  H. pylori. Eu vi na internet que esta bactéria pode levar ao câncer” 

Este tipo de consulta tem sido muito frequente e cabe a nós profissionais de saúde orientarmos adequadamente o paciente. Primeiro é preciso esclarecer:  que bactéria é esta? O H. pylori é uma bactéria gram-negativa espiralada, que foi descrita pelos pesquisadores australianos Warren e Marshall, que inclusive ganharam o prêmio Nobel de Medicina na década de 1980.  

Esta bactéria é rara? Só eu tenho o H. pylori?  

A infecção pelo H. pylori  é uma das infecções mais comuns no mundo. Estima-se que 50% da população mundial tenha essa bactéria e no nosso meio esse número pode chegar a  60/70%.  Sendo mais predominante quando faltam condições de higiene e saneamento básico.  

Como ocorre a contaminação?  

O modo de transmissão pode ser através das vias oral-fecal, oral-oral ou oral-gástrica.  A infância é o período de maior risco para infecção.   Parece ser incomum a aquisição ou o desaparecimento da infecção no indivíduo adulto.  

Quais as doenças podem estar relacionadas com esta bactéria?  

Úlcera péptica gastroduodenal

Câncer gástrico 

Linfoma MALT

Gastrite

Duodenite 

 

Em quais situações clínicas deve-se investigar a presença da bactéria?  

Queixas dispépticas 

Suspeita de câncer gástrico (perda de peso, dor intensa, anemia)

Quando se pretende utilizar AINES ou AAS de forma prolongada 

 Deficiência de B12

Ferropenia inexplicada

Púrpura trombocitopênica imune  

 

Como é feito o diagnóstico? 

Não há nenhum sinal ou sintomas que nos leve a pensar que o paciente possa estar com esta infecção. Azia, queimação ou dor no estômago podem ocorrer em esofagite, gastrite e duodenite. A maioria dos pacientes com gastrite por H. pylori é assintomática ou oligossintomática (pouco sintomáticas)  

 

Já que os sintomas contribuem pouco com o diagnóstico é feito?

O diagnóstico de infecção pelo H. pylori pode ser feito:  

Endoscopia digestiva alta com biópsias e estudo histopatológico com coloração especial para a pesquisa da bactéria ou teste da urease. 

Teste Respiratório com ureia marcada com carbono 13. É considerado o padrão ouro para diagnóstico não invasivo, com sensibilidade e especificidade superiores a 95%. . É um exame barato, de fácil execução porém pouco disponível no Brasil.  

Pesquisa de antígeno fecal. Apresenta boa sensibilidade e especificidade  

 

Por quê tratar o H. pylori?  

O H. pylori é considerado o mais importante fator de risco para o câncer gástrico.   

80% dos tumores gástricos malignos estão associados à infecção.   

No grupo de pacientes em que a bactéria foi erradicada houve redução de 30-40% na incidência de câncer gástrico.  

 

Como é feito o tratamento?   

Os primeiros tratamentos para erradicação da bactéria H.pylori foram descritos em 1983. Quatro Consenso terapêuticos já foram propostos. Segundo o último, o IV Consenso Brasileiro da Infecção pelo H. pylori publicado em 2018 , o tratamento que era  realizado por 7  dias foi ampliado para 14 dias A justificativa dos especialistas é que essa ampliação levaria a melhora da eficácia terapêutica. O tratamento proposto como primeira opção terapêutica inclui uma associação entre antibióticos e inibidores de bomba de prótons. Os antibióticos mais usados são metronidazol, amoxicilina e claritromicina, associados a inibidor de bomba de prótons preferencialmente de segunda geração como por exemplo o esomeprazol ou lanzoprazol.  A inclusão de inibidores de bomba de prótons é necessária, pois a elevação de pH gástrico aumenta a efetividade da ação dos antibióticos.  

 

Quais são os efeitos colaterais deste tratamento?  

Cefaleia, insônia, disgeusia, diarreia, vômito, dispepsia (indigestão), náusea, dor abdominal, teste de função hepática anormal, rash e hiperidrose;  

 

Muitos pacientes suspendem o tratamento por efeitos colaterais? 

Sim, muitos pacientes que apresentam efeito colateral, durante o tratamento tendem a abandonar o mesmo. Esta suspensão pode ser desastrosa por levar resistência às drogas. Este fato nos motiva a buscar novas estratégias para o tratamento da bactéria e que melhorem as taxas de erradicação, e reduzam a frequência de efeitos adversos 

 

Considerando que a diarreia é um possível efeito colateral, o uso de probióticos poderia ser um adjuvante no tratamento?  

Probióticos são definidos pela Organização Mundial de Saúde como microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro Têm vantagens como segurança, imunomodulação e capacidade anti patógena. 

Segundo a literatura a suplementação de probióticos é uma terapia emergente para o tratamento de H. pylori   visando minimizar os efeitos colaterais no tratamento desta bactéria.  

Outro fato interessante a se destacar é que os probióticos podem impedir a colonização de H. pylori competindo por locais de ligação ou perturbando o processo de adesão. Probióticos podem bloquear a colonização de bactérias patogênicas nas células epiteliais gastrointestinais. O aumento da barreira mucosa por probióticos ajuda o hospedeiro a impedir a colonização por H. pylori  

 

O que se pode concluir sobre a prescrição de probióticos no tratamento do H. pylori ? 

Embora o  IV Consenso Brasileiro da Infecção pelo H. pylori  não recomende a suplementação de rotina no tratamento, os resultados científicos  até agora são encorajadores e a experiência clínica mostra melhora da adesão a terapia tríplice e menor incidência de diarreia e de alterações de paladar. As cepas mais citadas na literatura como eficazes são: Lactobacillus rhamnosus GG,  L . casei e L reuter. i  

Em conclusão, o uso de probióticos para tratar a infecção por H. pylori é uma opção terapêutica viável, mas apresenta algumas incertezas: dose ideal, duração da terapia e os mecanismos de interação entre os probióticos e antibióticos prescritos.

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